Crateús
Aqui os animais choram de dor até a morte
Enquanto as
chuvas não chegam, carcaças de várias espécies de gado vem se acumulando nas
fazendas do sertão cearense. Falta ajuda e fazendeiros entram em depressão. (Fotos: Wellington Macedo)
Esse garrote da raça Shuit chorava de dor nesta segunda-feira 11, enquanto
seu corpo já estava sendo comido por bichos (tapurus) na
fazenda "Menino Deus", em Crateús. Fracos, os animais não
conseguem ficar de pé e acabam sendo atacados pelos parasitas.
conseguem ficar de pé e acabam sendo atacados pelos parasitas.
Sofrimento e
dor em Crateús, cidade distante 230 km de Fortaleza, localizada na região dos
inhamus, no sertão do Ceará. Desta vez, a tragédia é a seca que vem destruindo
boiadas inteiras em muitas fazendas. Já há quem diga que a região está
enfrentando a pior seca dos últimos 55 anos.
Já são 28 cabeças de gado mortos e espalhados em vários pontos
da fazenda "Menino Deus". Neste domingo um animal da raça
Nelore foi a hóbito depois de vários dias sofrendo de dor.
Dos animais
que ainda restam em muitas propriedades, muitos estão doentes e chegam a chorar
de dor, como está acontecendo desde o último sábado de carnaval com um garrote
da raça Shuit da fazenda “Menino Deus”, distante apenas 10 km da sede do
município. Um verdadeiro cemitério de carcaças de gado já acumula restos mortais
de 28 animais das raças Nelore, Holadesa e Shuit, todos mortos nos últimos 60
dias. O vaqueiro Elias dava alimento na boca de um garrote doente, quando outro
acabou morrendo nesta segunda-feira 11, foi o vigésimo oitavo em 60 dias somente
naquela propriedade rural.
Os animais estão morrendo por fqalta de água, com fome,
fracos e doentes ao ponto de não terem mais forças para ficar de pé.
Cerca de mil
cabeças de gado já podem ter morrido de dezembro até agora naquela região do
estado, segundo Jefferson Alves, criador e filho do fazendeiro José Bezerra ou “Zé
Palpino” como é conhecido na região. “Somente na propriedade de um amigo nosso em
Novo Oriente, já morreram 211 animais”, relata Jefferson. O alto custo para
manter o gado, tem levado muita preocupação a Dona Fátima Bezerra, esposa de
Palpino. “Nós estamos gastando mais de três mil reais por mês comprando capins
e sorgo para tentar manter o gado vivo, fora os remédios que estão sendo
aplicados”. Conta Dona Fátima.
Um garrote da raça Nelore morreu nesta segunda-feira 11,
enquanto o vaqueiro João Elias dava comida na
boca de outro animal doente.
A pior estiagem dos últimos 55 anos
“Para
os animais, essa é a pior seca dos últimos 55 anos. Os bichos estão morrendo de
fome, sede e doentes”. Relata Agricultor José Amorim, 60. O agricultor residente na
localidade de São Gonsalo, em Crateús, conta que enfrentou a seca de 1958 e
naquela ocasião o sofrimento do povo passando fome foi o que mais ficou marcado
em sua vida, mais para ele a situação atual tem sacrificado o gado que morre
sem água, sem pasto e facilmente são acometidos de doenças. Os animais ficam
fracos e não conseguem se manter de pé. “ Por aqui perto tem fazenda que já
morreram mais de cem cabeças de gado”, relata Amorim. Ele sempre é
chamado para ajudar a levantar animais fracos e doentes nas fazendas daquela
região.
O agricultor José Amorim conta que essa é a pior
seca dos últimos 55 anos nesta região do Ceará.
Um cemitério de gados mortos pela seca se espalham pelo Ceará.
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